Cinzas da Cidade
Para Sampa em seu 457o. Aniversário
É fácil admirar o colorido,
Mas seus tons de cinza,
Feitos de chumbo e carvão,
Só podem ser apreciados
Em movimento.
É fácil apreciar o silêncio,
Mas seus sons de mil vozes,
Feitos de sussurros de cobiça ou gritos de miséria
Só soam como música
Em movimento.
Esta sua fuligem não é como a poeira dos tempos
Cobrindo ruínas outrora sagradas,
Esse seu manto cinza é cosido pela velocidade
Lembrando como tudo que é moderno
Termina em cinzas.
Se a metafísica é uma trilha na floresta antiga
Pela qual se anda a pé e com vagar
Então a dialética é este explodir de sons
da sua multidão tropeçando em si mesma.
Pela qual atravessamos rápidos e atentos.
Mas para nunca esquecer,
Mesmo os que falaram daquilo que é eterno
E imutável, insuflaram ou condenaram o progresso,
Só puderam fazê-lo nas cidades que eram
Como você.
É cinza porque na sua paleta
Só há Luz e Trevas
Misturadas de todas as formas.
Suas cinzas são o que restou do homem,
E ninho aonde ele renasce todos os dias.
quarta-feira, 26 janeiro, 2011 – 17:25